sábado, 10 de abril de 2010
"Nessas tortuosas trilhas..."
Lara, Lara que serei eu. O que serei quando eu for Lara?!
domingo, 4 de abril de 2010
Ergam seus copos...
Não nasci pra ser sóbria, nem pra me manter limpa. Sou o vício consumido pelo vício. A dor que arde no instante supremo de algum prazer qualquer.
Sou a mulher perfeita “longe daqui, pra longe de mim”. Não sou estática, mas guarde a foto. Talvez seja tudo, tudo o que conseguiu tirar de mim.
E minta. Minta tanto quanto puder. Grite que me ama... Berre que o ódio faz o gosto da tua boca: ah! O ódio, o ócio, o rancor. Deixe seus pés te entregarem.
Mande flores. Buquês de rosas... vermelhas. Vá! infle toda a minha raiva. Peça pra me ver nua. Veja o branco dos meus traços, o negro do meu sangue.
A porra-louca? Pois bem, que seja. Sou... ou não.
Cansada? Sim. Traga-me mais, muito mais. Meu amor, meu vício, meu ódio... Eu. Simplesmente eu.
Dê-me com o que alimentar meus monstros. Veja, veja meu animal. Meus reflexos mais sinceros. Os olhos entregam, sempre. Prefiro a boca, calada, aberta... fechando. Prefiro as tuas mãos, teu cérebro. Teu coração? Este eu como, devoro... se me der.
Adoro as tuas pernas, tuas calças... você sem elas, também. Se eu as quero? Não precisa. Vá! divirta-se. Não precisa fechar a porta, estou de saída. Se eu volto hoje? Talvez sim; talvez nunca mais. Quem se importa?
O vício saciado. A fome aplacada. Sou só calmaria, monotonia. A paz entregue. O carrasco domado.
sábado, 3 de abril de 2010
ah! Joana...
Havia um destino comum pros dois, um bar e uma cerveja. Na tentativa de não olhar para ele, de não ver minha grande fraqueza, mexia desesperada e lentamente em minha bolsa "cadê a droga do meu dinheiro" "ou, tem um cigarro ai" "se eu conseguir achar meu dinheiro, acho teu cigarro". Não, mas eu precisava de mais, algo mais forte. Era tudo muito intenso, minha cabeça estava desconsolada. Não sei nem no que eu pensava, talvez em nada. "Não existem pontos finais no pensamento", e eu pensava, sim: cadê meu dinheiro e o cigarro... ah! o cheiro dele... ah! não quero cerveja, preciso de algo mais forte... que frase é aquela, do livro... deus, cadê meu dinheiro... Finalmente achei o dinheiro e o cigarro. Não fumava, comprei pra ele, mas não consegui. Acendi e fumei. Tossi. Escarrei minha alma evacuada. "você começou a fumar?" "sim, agora. E acabei de parar. Toma isso...". Preciso de uma coisa forte, cerveja não vai ajudar.
No bar, tudo era cerveja. Não via nada. Tudo era igual, pedi pro cara do balcão uma dose de tequila, mas não quis. Pedi a dose mais barata, da vodka mais vagabunda que ele tivesse: eu. "Por que você vai beber isso?" "narcisismo" "para de divagar, e responde" "p-o-r-q-u-e eu sou narcisista. Preciso ME beber: barata e vagabunda" "hilária você, hilária". Quando o garçom chegou com minha dose de mim mesma, peguei o copo e me preparei, em míseros instantes, pra me engolir, me degustar... me embebedar de mim mesma "Joana..." E me beijou, e me tomou antes que eu fosse minha, de mim. Antes que eu pudesse tentar contra minha existência. E, ainda de olhos fechados, mas sem uma boca junto à minha, peguei o copo e me virei. Me bebi, me errei. Abri os olhos, e ele me saudou "Errou na dose? Errou no amor?" "Joana errou de João", disse eu rindo.
quarta-feira, 31 de março de 2010
"E querem me torcer, me estragar, me partir, me secar e me deixar pele e osso"*
Isso ainda vai me consumir. Já me consome, na verdade. Não quero que saquem de minhas veias minha vida, meus amores. Malditos sanguessugas desgraçados, inexpressivos... exploradores adormecidos... máquinas inanimadas de falas cheias de emoção e dogmas disformes. Me consomem, me acabam... tirando tudo de mim. Suas vidas, seus amores... meus, MEUS.
Minha cópia, meu cuspe... o espelho que se quebra. Uma garrafa dissimulada de fim, nas mãos... um golpe, uma tentativa. Saciada, mas nunca não faminta.
Hoje eu só quero gritar que tenho nojo, estou com nojo de todas as pessoas. Suas existências mesquinhas e vazias. Suas cópias e seus clones. Tranco-me na certeza de meu reboco, na infância dos meus traços. Tive Lego e aeronaves. Hoje, ainda, leio, apesar de não fazê-lo com o mesmo entusiasmo de quando ainda era inocente, ‘sereias do espaço’ e divirto-me ao pensar no passado do futuro, e imaginar grandes cidades espaciais... em imaginar ‘star wars’ de diversidade. Divago nas minhas divagações vividas no passado, em que um filme (Hackers) era a grande inspiração para as minhas brincadeiras. Um caderno: um computador; meus patins: minha liberdade. Nas brincadeiras singulares, nas fantasias solitárias... nas interpretações, nas loucuras. Momento em que eu podia, sem prejuízo para a minha sanidade ‘social’, imitar, interpretar, conversar... ser tantas pessoas quanto eu pudesse fazer atuar no mesmo ato. Sim, tempo foi passando e o que era antes feito às claras, fora feito no silêncio do cérebro, p’ras paredes do quarto.
Quando hoje, ainda, vejo meus traços refletido nos que estão próximos. Preciso confessar que certo tipo de hipocrisia ( e tantos outros tipos), fazem parte de mim. Meus amores estranhos, meu ciúme doentio. O nojo escarnado pelo que amo. O ódio fascista dos meus olhos. Minha boca, minhas mordidas. Meu silêncio atormentador... As falas comedidas... e como naqueles filmes que mostram o que ‘realmente’ o personagem gostaria de estar falando (vide o recepcionista gay do filme ‘medo e delírio em Las Vegas’, quando um policial, arrogante acima da lei, acha que pode assediar moralmente alguém, e que este alguém deve, pelo princípio de que o cliente tem sempre razão, ficar calado), assim sou: a voz emudecida, mas que se falasse precisaria, o dono da voz, refugiar-se em algum lugar que nada entenderiam de suas profanações.
Pronto. Recebi uma dica: ‘mantenha-a sempre por perto. Pode ser preciso’; mais perto, talvez possível... talvez desnecessário. Mas, voltando ao tema (existe um, apenas um?), cansada, enojada e enciumada dos meus amores, profanados por bocas imundas. Alguns que fazem juras imorais (ah! meu amado Chico) por saber não ser sincera a verdade do amor. Dos dogmatizados que sempre têm tanta certeza sobre si mesmos e sobre os que o cercam. Que não bebem e não fumam. Que dizem que não precisas disso, ‘o mundo é lindo’. Que não entendem e se sentem confortáveis em renegar tudo o que é existente em outra pessoa. Que pessoas são essas? Que prepotências os assolam que os tornam tão medrosos quanto a si mesmos, e invejosos de outros, que julgam tudo errado e de baixo calão, por apenas, a outra voz, gritar com um ardor não visto, e por eles não sentido? Que corpo é este que abriga o triste dos mortais que se fazem superiores, que se apegam a singelas ou escrotos defeitos, de outrem, p’ra se fazerem livres das próprias dores e máculas? Que escarro de humanidade é esta que tira do belo, sempre, o que não é perfeito e óbvio. Que arte é esta, que vida é esta... quem são estes, aqueles... quem são vocês?! Por que, ainda, insistimos em caminhar ao lado deles, a lhes mostrar o que vemos... mesmo que jurem juras não imorais, não sentem, não sentirão jamais. São vazios, ocos sociais. Nunca, jamais sentiram. Renegados de si mesmos, pelos defeitos dos outros. Lixo e escrotos
*Baseado no texto "Joana e as vizinhas", Gota d'àgua - Chico Buarque de Hollanda.
terça-feira, 30 de março de 2010
segunda-feira, 29 de março de 2010
"desmatando..."
sábado, 27 de março de 2010
"Vem, meu menino vadio..."
http://www.youtube.com/watch?v=G8-6pZxJ4yc
Me desculpa, meu amor, a covardia. Me perdoe, pois eu mesma não sou capaz, pela distância. Por eu ter fugido, abandonado a mim mesma sem você, quando a todo o momento, mesmo que eu dissesse não precisar, eu só queria sentir o seu cheiro, e o cheiro que ficava em mim.
Sei que sou arrogante, sei que finjo tudo tão bem; que não posso culpá-lo por não saber que, finalmente, eu o amo. Sim, finalmente posso gritar... mas é tarde e ninguém poderá me ouvir. Grito?! Me silencio, outra vez? E minha chance passou, o vi sair tão belo... e não me dei ao trabalho de lhe segurar os braços, de prender teus pés e pedir que ficasse.
“Tudo anda desesperado, hoje. Não tive um bom dia, tampouco uma boa semana. Discuti com outros amores, e ignorei tantas coisas importantes. Ri de uma conversa que ouvi, queria pode contar para você, tenho certeza que compreenderia que não é maldade... só sarcasmo.”
Você ainda pode me ouvir? Poderá me ouvir de novo, alguma vez, talvez?! Se eu deixar aquele recado, você ainda se lembra da minha letra?... "Você nunca viu minha letra.".