E ele me olhou, disse que eu era dele. Disse-me que naquele camarim, entre todas aquelas fantasias, que a gente seria um, faríamos um... “Ahhh! Magia!”.
E ele me levou e me pagou uma bebida. Sentamos para conversar, e seus olhos invadiram os meus. Eu que sempre tinha todas as respostas afiadas na ponta de uma língua mortal, me esqueci de quem eu era. Seus olhos negros, feito a vodka na minha consciência, me comandaram. E ele jurou... Ah! Ele jurou...
A noite passou e a gente “Ahhh! Magia”, as flores murcharam e o uísque acabou, a garrafa secou. Ele jogou no chão minha calça rasgada e saiu, foi embora. Fiquei sozinha como sempre fico... mas um sorriso, e não sei se feliz. Em passos desesperados ele voltou, me pediu em casamento... queimou o buquê de noiva; fui viajar, para sempre.
Meu amor de camarim nunca mais me viu, nunca mais me ouviu. Minha voz? Nunca mais foi dele. Meus gritos “Ahhh! Magia”, ele nunca mais sentiu... Só lhe deixei um bilhete, um recado, escrito num papel e colado na garrafa de scotch...
Meu bem, “Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese,
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca e
Você... nunca mais feliz”