A obscuridade da alma dela me encanta. Vê-la em ruínas, em trapos... suja e abandonada por todos. Ninguém a suporta por perto. Sua voz é muda, mas sempre sussurra aquilo que já não se ouve nem se fala mais.
Jogada, Ela, se sente vazia; sente que sofre, que sua alma é o inferno e sua existência o mal. Vê-se como o egoísmo que destrói coisas belas e que torna imundo o amor. Ela, que tanto amou, que tanto se dá, que tanto se entrega... Ela que ama sim, ela que arrasa o mundo, e que torna ordinário toda a candura... todo o resto ingênuo que seus anjos atormentados escondem no fundo de suas almas perturbadas e vazias; almas estas que clamam por todo o horror que pode existir no mundo. Por todo o sexo regado a toda droga, o torpor máximo da existência: se Deus existe, é essa a hora de terem com Ele.
Num breve conhecimento Ela - que pode ser todos nós. - dá o bote, suga até a última gota do que percorre os sonhos dos seus amantes. Suga, devora, engana, cospe... vomita. Suga pra vomitar, para tornar inutilizável. Não quer para si, para estar consigo e permanecer em sua posse; porém, também, não quer na posse de ninguém. Precisa eliminar, queimar... mostrar o que pode roubar e o que pode destruir... que pode fazer com que lhe dêem a vida, mas depois, antes do suspiro final, mostrar que dela não precisava e ai, só para tornar inútil o amor, a prova do amor, abandona a vida daquele que se deu por ela... deixando-o lá, perdido e putrefato.
sábado, 17 de abril de 2010
sábado, 10 de abril de 2010
"Nessas tortuosas trilhas..."
Com uma vontade de fugir daqui. Acho que usarei um nome falso, que tal? Me apresentarei como... não sei... Lis?! Não. Muito meigo, né?! Não daria para enganar a mim mesma. Sempre gostei de Lara (e de outros tantos nomes pequenos começados pela letra L: Lana, Luana, Lola, Laís...). Sim. Lara. La-ra. Tenho de me acostumar, ainda, a me chamar, a me identificar como LARA. Mas, quem será Lara? Serei eu mesma? Eu com meu nome sob o domínio de Lara? Ou me darei, enquanto me dou Lara, uma outra de mim mesma. Sei, sei que há alguma de mim, dentro deste eu exteriorizado, mas que, agora, busco substituir por Lara, uma que se dê por Lara. Sim, existe alguém antes do nome Lara que seja Lara. Mas, quem em mim deve ser Lara? O que de mim, não sendo Lara, deveria ser de Lara? Pensando assim, ao som de um blues qualquer, e rapidamente: meus defeitos. Sim. Os meus defeitos, não, ainda, os de Lara (estamos construindo Lara), mas os meus. Os meus defeitos são as únicas coisas de que gosto em mim, e que levaria como Lara, que serei eu, algum dia.
Lara, Lara que serei eu. O que serei quando eu for Lara?!
Lara, Lara que serei eu. O que serei quando eu for Lara?!
domingo, 4 de abril de 2010
Ergam seus copos...
Desculpa, mas eu não tenho grana p’ra montar um loock, meu ‘eu’. Nunca tive tempo para limpar a poeira dos livros da minha biblioteca particular, como você. Toquei fogo neles todos.
Não nasci pra ser sóbria, nem pra me manter limpa. Sou o vício consumido pelo vício. A dor que arde no instante supremo de algum prazer qualquer.
Sou a mulher perfeita “longe daqui, pra longe de mim”. Não sou estática, mas guarde a foto. Talvez seja tudo, tudo o que conseguiu tirar de mim.
E minta. Minta tanto quanto puder. Grite que me ama... Berre que o ódio faz o gosto da tua boca: ah! O ódio, o ócio, o rancor. Deixe seus pés te entregarem.
Mande flores. Buquês de rosas... vermelhas. Vá! infle toda a minha raiva. Peça pra me ver nua. Veja o branco dos meus traços, o negro do meu sangue.
A porra-louca? Pois bem, que seja. Sou... ou não.
Cansada? Sim. Traga-me mais, muito mais. Meu amor, meu vício, meu ódio... Eu. Simplesmente eu.
Dê-me com o que alimentar meus monstros. Veja, veja meu animal. Meus reflexos mais sinceros. Os olhos entregam, sempre. Prefiro a boca, calada, aberta... fechando. Prefiro as tuas mãos, teu cérebro. Teu coração? Este eu como, devoro... se me der.
Adoro as tuas pernas, tuas calças... você sem elas, também. Se eu as quero? Não precisa. Vá! divirta-se. Não precisa fechar a porta, estou de saída. Se eu volto hoje? Talvez sim; talvez nunca mais. Quem se importa?
O vício saciado. A fome aplacada. Sou só calmaria, monotonia. A paz entregue. O carrasco domado.
Não nasci pra ser sóbria, nem pra me manter limpa. Sou o vício consumido pelo vício. A dor que arde no instante supremo de algum prazer qualquer.
Sou a mulher perfeita “longe daqui, pra longe de mim”. Não sou estática, mas guarde a foto. Talvez seja tudo, tudo o que conseguiu tirar de mim.
E minta. Minta tanto quanto puder. Grite que me ama... Berre que o ódio faz o gosto da tua boca: ah! O ódio, o ócio, o rancor. Deixe seus pés te entregarem.
Mande flores. Buquês de rosas... vermelhas. Vá! infle toda a minha raiva. Peça pra me ver nua. Veja o branco dos meus traços, o negro do meu sangue.
A porra-louca? Pois bem, que seja. Sou... ou não.
Cansada? Sim. Traga-me mais, muito mais. Meu amor, meu vício, meu ódio... Eu. Simplesmente eu.
Dê-me com o que alimentar meus monstros. Veja, veja meu animal. Meus reflexos mais sinceros. Os olhos entregam, sempre. Prefiro a boca, calada, aberta... fechando. Prefiro as tuas mãos, teu cérebro. Teu coração? Este eu como, devoro... se me der.
Adoro as tuas pernas, tuas calças... você sem elas, também. Se eu as quero? Não precisa. Vá! divirta-se. Não precisa fechar a porta, estou de saída. Se eu volto hoje? Talvez sim; talvez nunca mais. Quem se importa?
O vício saciado. A fome aplacada. Sou só calmaria, monotonia. A paz entregue. O carrasco domado.
sábado, 3 de abril de 2010
ah! Joana...
Meu coração aos pulos. O telefone tocou, atendi "Como chego ai?". Chegar aqui? ou chegar pra mim, comigo?. Não, não divaguei, só passei o endereço. Quando chegou 'olhos nos olhos', mas eu já não enxergava mais nada. Caminhava por instinto, ou me guiava uma força que eu não poderia descrever. 'Quero-o tanto, tanto'.
Havia um destino comum pros dois, um bar e uma cerveja. Na tentativa de não olhar para ele, de não ver minha grande fraqueza, mexia desesperada e lentamente em minha bolsa "cadê a droga do meu dinheiro" "ou, tem um cigarro ai" "se eu conseguir achar meu dinheiro, acho teu cigarro". Não, mas eu precisava de mais, algo mais forte. Era tudo muito intenso, minha cabeça estava desconsolada. Não sei nem no que eu pensava, talvez em nada. "Não existem pontos finais no pensamento", e eu pensava, sim: cadê meu dinheiro e o cigarro... ah! o cheiro dele... ah! não quero cerveja, preciso de algo mais forte... que frase é aquela, do livro... deus, cadê meu dinheiro... Finalmente achei o dinheiro e o cigarro. Não fumava, comprei pra ele, mas não consegui. Acendi e fumei. Tossi. Escarrei minha alma evacuada. "você começou a fumar?" "sim, agora. E acabei de parar. Toma isso...". Preciso de uma coisa forte, cerveja não vai ajudar.
No bar, tudo era cerveja. Não via nada. Tudo era igual, pedi pro cara do balcão uma dose de tequila, mas não quis. Pedi a dose mais barata, da vodka mais vagabunda que ele tivesse: eu. "Por que você vai beber isso?" "narcisismo" "para de divagar, e responde" "p-o-r-q-u-e eu sou narcisista. Preciso ME beber: barata e vagabunda" "hilária você, hilária". Quando o garçom chegou com minha dose de mim mesma, peguei o copo e me preparei, em míseros instantes, pra me engolir, me degustar... me embebedar de mim mesma "Joana..." E me beijou, e me tomou antes que eu fosse minha, de mim. Antes que eu pudesse tentar contra minha existência. E, ainda de olhos fechados, mas sem uma boca junto à minha, peguei o copo e me virei. Me bebi, me errei. Abri os olhos, e ele me saudou "Errou na dose? Errou no amor?" "Joana errou de João", disse eu rindo.
Havia um destino comum pros dois, um bar e uma cerveja. Na tentativa de não olhar para ele, de não ver minha grande fraqueza, mexia desesperada e lentamente em minha bolsa "cadê a droga do meu dinheiro" "ou, tem um cigarro ai" "se eu conseguir achar meu dinheiro, acho teu cigarro". Não, mas eu precisava de mais, algo mais forte. Era tudo muito intenso, minha cabeça estava desconsolada. Não sei nem no que eu pensava, talvez em nada. "Não existem pontos finais no pensamento", e eu pensava, sim: cadê meu dinheiro e o cigarro... ah! o cheiro dele... ah! não quero cerveja, preciso de algo mais forte... que frase é aquela, do livro... deus, cadê meu dinheiro... Finalmente achei o dinheiro e o cigarro. Não fumava, comprei pra ele, mas não consegui. Acendi e fumei. Tossi. Escarrei minha alma evacuada. "você começou a fumar?" "sim, agora. E acabei de parar. Toma isso...". Preciso de uma coisa forte, cerveja não vai ajudar.
No bar, tudo era cerveja. Não via nada. Tudo era igual, pedi pro cara do balcão uma dose de tequila, mas não quis. Pedi a dose mais barata, da vodka mais vagabunda que ele tivesse: eu. "Por que você vai beber isso?" "narcisismo" "para de divagar, e responde" "p-o-r-q-u-e eu sou narcisista. Preciso ME beber: barata e vagabunda" "hilária você, hilária". Quando o garçom chegou com minha dose de mim mesma, peguei o copo e me preparei, em míseros instantes, pra me engolir, me degustar... me embebedar de mim mesma "Joana..." E me beijou, e me tomou antes que eu fosse minha, de mim. Antes que eu pudesse tentar contra minha existência. E, ainda de olhos fechados, mas sem uma boca junto à minha, peguei o copo e me virei. Me bebi, me errei. Abri os olhos, e ele me saudou "Errou na dose? Errou no amor?" "Joana errou de João", disse eu rindo.
Assinar:
Postagens (Atom)