Meu coração aos pulos. O telefone tocou, atendi "Como chego ai?". Chegar aqui? ou chegar pra mim, comigo?. Não, não divaguei, só passei o endereço. Quando chegou 'olhos nos olhos', mas eu já não enxergava mais nada. Caminhava por instinto, ou me guiava uma força que eu não poderia descrever. 'Quero-o tanto, tanto'.
Havia um destino comum pros dois, um bar e uma cerveja. Na tentativa de não olhar para ele, de não ver minha grande fraqueza, mexia desesperada e lentamente em minha bolsa "cadê a droga do meu dinheiro" "ou, tem um cigarro ai" "se eu conseguir achar meu dinheiro, acho teu cigarro". Não, mas eu precisava de mais, algo mais forte. Era tudo muito intenso, minha cabeça estava desconsolada. Não sei nem no que eu pensava, talvez em nada. "Não existem pontos finais no pensamento", e eu pensava, sim: cadê meu dinheiro e o cigarro... ah! o cheiro dele... ah! não quero cerveja, preciso de algo mais forte... que frase é aquela, do livro... deus, cadê meu dinheiro... Finalmente achei o dinheiro e o cigarro. Não fumava, comprei pra ele, mas não consegui. Acendi e fumei. Tossi. Escarrei minha alma evacuada. "você começou a fumar?" "sim, agora. E acabei de parar. Toma isso...". Preciso de uma coisa forte, cerveja não vai ajudar.
No bar, tudo era cerveja. Não via nada. Tudo era igual, pedi pro cara do balcão uma dose de tequila, mas não quis. Pedi a dose mais barata, da vodka mais vagabunda que ele tivesse: eu. "Por que você vai beber isso?" "narcisismo" "para de divagar, e responde" "p-o-r-q-u-e eu sou narcisista. Preciso ME beber: barata e vagabunda" "hilária você, hilária". Quando o garçom chegou com minha dose de mim mesma, peguei o copo e me preparei, em míseros instantes, pra me engolir, me degustar... me embebedar de mim mesma "Joana..." E me beijou, e me tomou antes que eu fosse minha, de mim. Antes que eu pudesse tentar contra minha existência. E, ainda de olhos fechados, mas sem uma boca junto à minha, peguei o copo e me virei. Me bebi, me errei. Abri os olhos, e ele me saudou "Errou na dose? Errou no amor?" "Joana errou de João", disse eu rindo.
chico na alma.
ResponderExcluirentendo sua necessidade em se colocar como sua própria bebida de si mesma, entendo sua necessidade de sentir-se tão suja e tão limpa conforme bem desejar. mas não revelarei aqui os segredos e loucuras daquelas que escrevem e bebem.