sábado, 17 de abril de 2010

Ela, parte I.

A obscuridade da alma dela me encanta. Vê-la em ruínas, em trapos... suja e abandonada por todos. Ninguém a suporta por perto. Sua voz é muda, mas sempre sussurra aquilo que já não se ouve nem se fala mais.

Jogada, Ela, se sente vazia; sente que sofre, que sua alma é o inferno e sua existência o mal. Vê-se como o egoísmo que destrói coisas belas e que torna imundo o amor. Ela, que tanto amou, que tanto se dá, que tanto se entrega... Ela que ama sim, ela que arrasa o mundo, e que torna ordinário toda a candura... todo o resto ingênuo que seus anjos atormentados escondem no fundo de suas almas perturbadas e vazias; almas estas que clamam por todo o horror que pode existir no mundo. Por todo o sexo regado a toda droga, o torpor máximo da existência: se Deus existe, é essa a hora de terem com Ele.

Num breve conhecimento Ela - que pode ser todos nós. - dá o bote, suga até a última gota do que percorre os sonhos dos seus amantes. Suga, devora, engana, cospe... vomita. Suga pra vomitar, para tornar inutilizável. Não quer para si, para estar consigo e permanecer em sua posse; porém, também, não quer na posse de ninguém. Precisa eliminar, queimar... mostrar o que pode roubar e o que pode destruir... que pode fazer com que lhe dêem a vida, mas depois, antes do suspiro final, mostrar que dela não precisava e ai, só para tornar inútil o amor, a prova do amor, abandona a vida daquele que se deu por ela... deixando-o lá, perdido e putrefato.

Um comentário:

  1. porque qual a sensualidade do amor se nao é imperfeito?
    é como buscar uma peça que complete, mas o que fazer quando não há mais o que buscar?
    vc ama, encontra algo que se encaixe com vc e aqueles seus defeitos atormentadores que davam o tesão da sua vida?

    tem que haver uma possibilidade que não seja rotular almas inquietas em doente, loucas, insanas, corruptas.

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