O braço direito dela estava apoiado na janela, e seu rosto deitava em seu antebraço. Os olhos vislumbravam qualquer coisa que os prédios não conseguiram impedi-la de ver. Tinha um leve sorriso nos lábios, um sorriso louco. Os lábios insanos.
Numa piscada longa, talvez ela tivesse rido ironicamente de toda a sua vida. Largou a janela e deu-se a andar pela sala, onde havia uma samambaia – a única planta da casa que ela gostava, todas as outras tinham flores – e seus dedos roçaram delicada e insensivelmente suas folhas.
A casa estava vazia, e ela gostava tanto, mas sabia que em breve os demais moradores chegariam, e todo o seu gosto alegre seria substituído por uma estranha vontade de ficar longe de todos eles. Preferiu não pensar no repudiado repúdio, ligou o som. E ao som de ‘La Boheme’ dançou, e desejou dançar para sempre. Seu corpo rodopiava frenética e desengonçadamente. Ela sentiu-se uma bailarina de qualquer balé russo – não entendia nada de balé, mas sempre se lembrava de uma bailarina anã russa de um livro qualquer que lera há muito – e caiu no chão. Soltou uma doce e medonha gargalhada. O desespero é tentador.
Toda essa movimentação física acendeu a vontade de beber... vinho. Foi à cozinha pegar uma taça, e olhou para a geladeira “Tina, não esqueça que hoje é o seu dia de arrumar a casa.”. Uma raiva cruel tomou conta da vontade de dançar “odeio que me digam o que fazer. Não agüento mais.”; caminhou até a sala, pegou um papel e escreveu um bilhete, deixou-o, fixado, acima do recado que lhe deixaram na geladeira.
Em seu quarto, Tina, arrumou algumas coisas, pegou algum dinheiro, e tirou de sua bolsa todas as fotos que carregava, não haveria mais chantagem emocional. Abriu a porta e saiu.
Quando os ‘demais’ moradores chegaram a casa, encontraram tudo bagunçado. Tina não arrumara coisa que fosse. Rafael, que era o mais velho da república, foi até a geladeira para conferir se o bilhete não havia caído, e encontrou o recado de Tina:
"Não preciso que me digam de que lado nasce o sol, porque bate lá meu coração.”. Um dia, talvez, eu volte. Ah! Guardem as fotos que “eu não quis carregar.”
Numa piscada longa, talvez ela tivesse rido ironicamente de toda a sua vida. Largou a janela e deu-se a andar pela sala, onde havia uma samambaia – a única planta da casa que ela gostava, todas as outras tinham flores – e seus dedos roçaram delicada e insensivelmente suas folhas.
A casa estava vazia, e ela gostava tanto, mas sabia que em breve os demais moradores chegariam, e todo o seu gosto alegre seria substituído por uma estranha vontade de ficar longe de todos eles. Preferiu não pensar no repudiado repúdio, ligou o som. E ao som de ‘La Boheme’ dançou, e desejou dançar para sempre. Seu corpo rodopiava frenética e desengonçadamente. Ela sentiu-se uma bailarina de qualquer balé russo – não entendia nada de balé, mas sempre se lembrava de uma bailarina anã russa de um livro qualquer que lera há muito – e caiu no chão. Soltou uma doce e medonha gargalhada. O desespero é tentador.
Toda essa movimentação física acendeu a vontade de beber... vinho. Foi à cozinha pegar uma taça, e olhou para a geladeira “Tina, não esqueça que hoje é o seu dia de arrumar a casa.”. Uma raiva cruel tomou conta da vontade de dançar “odeio que me digam o que fazer. Não agüento mais.”; caminhou até a sala, pegou um papel e escreveu um bilhete, deixou-o, fixado, acima do recado que lhe deixaram na geladeira.
Em seu quarto, Tina, arrumou algumas coisas, pegou algum dinheiro, e tirou de sua bolsa todas as fotos que carregava, não haveria mais chantagem emocional. Abriu a porta e saiu.
Quando os ‘demais’ moradores chegaram a casa, encontraram tudo bagunçado. Tina não arrumara coisa que fosse. Rafael, que era o mais velho da república, foi até a geladeira para conferir se o bilhete não havia caído, e encontrou o recado de Tina:
"Não preciso que me digam de que lado nasce o sol, porque bate lá meu coração.”. Um dia, talvez, eu volte. Ah! Guardem as fotos que “eu não quis carregar.”
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