terça-feira, 27 de julho de 2010

"...apenas muitos anos, apenas dias..."

O pavor paralisante da espera pelo dia em que eu estarei sozinha; pelo dia que ninguém, em lugar algum, me esperará e o mundo todo, tão logo, estará à minha espera. E não saberão meu nome, e então se sentarão ao meu lado, num idioma que eu entenderei, mas por não ser o pátrio, ignorarei a inteligência, e alguém contará algo chocante, meus olhos continuarão impassíveis, sem enxergar nada. Lágrimas rolarão, enquanto ele desabafa, e eu, indistinto rosto na multidão, me levantarei e seguirei firme, como se há pouco ninguém houvesse suicidado perto de mim.

“Santa Sangre”, mundo, e gente demais, e ninguém que eu conheça. E enquanto caminho, sem a chance de ouvir uma voz conhecida, planejo como acabar com todos os pombos e todas as borboletas, e nada mais me vem à mente que não sejam os filmes de ficção, mas para minha total tristeza e decepção, a humanidade sempre sobrevive. “Será que alguém sabe no que estou pensando, o que estou tramando?”. Tantas conspirações batalham ente si, para que se transformem na minha única idéia - fixa. E com o corpo já cansado, e os olhos quase se fechando, encosto-me numa parede qualquer e, por hoje, este é meu lar: bons sonhos, Stranger.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

"... e o resquício de fé que havia..."

terça-feira, 20 de julho de 2010

Indelicada.

Eu me tornei insuportável, algo que se transformou num disforme som, uma luz que se nega à claridade, mas que ainda ousa me mostrar todos os pavores que há porvir. Em silêncio, tranco-me em suntuoso palácio, e já suas paredes não vejo mais. Pergunto-me tão logo, por onde andas que não mais consigo ouvi-lo; e dito isso, sem maior demora, acalmo sobre a cama as lembranças e, no interior do aconchego, faço livre aquele que tanto me serviu.

terça-feira, 29 de junho de 2010

"Pode ser a gota d'água!"

Pelas horas que eu perdi tentando achar explicações para sentimentos que, teoricamente, eu deveria sentir, mas, enfim, nunca fizeram morada em meu peito, desde sempre, decidi fazer por mim mesma a ‘isenção de culpabilidade’. Não sinto e fim. Não há que se falar em frieza ou maldade. Apenas se sente ou não. Não sinto. Nunca senti. Sempre forcei a saudade e o choro. Quando criança demorava a lembrar que estava fora de casa, outra criança chorava de saudade, e eu apertava a cabeça entre as mãos pedindo a Deus que fizesse com que lágrimas rolassem pelo meu rosto para que eu pudesse representar meu papel social: saudade de ‘casa’. Desde pequena uma mentirosa. Sim, mentia, era necessário. Como não mentir. Ou se mente ou não se adapta. Em verdade, nunca me adaptei. Pensando bem, o que eu sempre fiz foi fugir. Fugia pro quintal quando todos estavam reunidos, fingia sono quando comiam e fome quando riam. Estar ao lado, sempre estive ao lado, de ninguém, mas era ao lado que eu estava: o lado marginal ao lado do lado comum.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

"Eu calço é 37, meu pai me dá 36..."

"Por que cargas d'águas

Você acha que tem o direito

De afogar tudo aquilo que eu

Sinto em meu peito"

E eu ainda me pergunto “pra quer ter filhos?”. Pais são idiotas porque as pessoas são idiotas. Todos têm traumas familiares. Todos têm do que reclamar dos pais, das famílias, o que me aflige é o egoísmo das pessoas, de terem filhos para superarem seus traumas de infância.

Eles têm filhos e exigem que seus filhos sejam versões suas, sem os traumas de quando eram crianças, mas geram outros traumas nos filhos. Isso gera o tal “ciclo vicioso”. Eles, os pais, ignoram os apelos dos filhos, fazem de conta que o desejo, vontade e inclinação destes não sejam nada. O que vale mesmo é que suas crias sejam obedientes o suficiente para engolirem a seco tudo aquilo o que não mata a sede e rasga a goela.

Podem dizer o que quiserem, achar como quiserem: não quero filhos. São tão hipócritas, dizem “você pensa assim agora, mas mudará de idéia. Todos mudam.”. Somos todos iguais? Então por que há tanta diferença, tanta fobia? Dizem que não ter filhos não é cristão. Pois bem, que seja, não sou cristã. Renego e renegarei a tudo quanto puder para não ter de renegar a mim. Não cometerei tal crime, não serei humana como a humanidade de usar uma criança para consertar vícios insanáveis. Ouvi-los dizer que estão desgostosos, que não agüentam mais, que não somos os filhos que pediram a Deus, que somos todos preguiçosos porque não fazemos o que eles sempre ordenam (a escravidão acabou, porra. Ou não, pelo visto) fortalece a certeza de que não é disso que preciso, e não é isso o que busco para o meu futuro. E que não farei isso com nenhum outro ser, nem se algum dia eu gerar.

Viver numa casa onde só se ouve o silêncio entre os gritos; as fobias que uns têm pelas características dos outros; o ódio irrestrito e desmedido pela desobediência dos rebentos... Muito obrigada, mas não preciso ser castigada a vida inteira porque em algum momento da história decidiram que família é a melhor coisa que existe (deveria existir muita pouca coisa), e a mantêm pelo “silêncio dos inocentes”, que uma hora deixa a inocência, encara o erro e decide não incidir nele.

Somos todos frutos dos mesmos erros, e das mesmas tentativas inúteis de corrigi-los. Agimos por instinto? O meu me diz que filhos, marido, natais e almoços de domingos não são para mim. Cada um que carregue sozinho as marcas do passado e dos medos. No dia que eu puder estar presa (ninguém é livre de prisões) com a liberdade que tanto desejo... E minha casa? Está no meu peito, e estará tatuada em minha pele. Meu auto-retrato no claro da minha pele.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

"Você me quer forte, e eu não sou forte mais."

Roendo minhas unhas, mas e se eu quebrá-las, não quero... Amanhã acho que estarei junto de alguém que gostaria de estar sozinha, só com os botões... Há dias que são para nós, mas não são nossos... É, amanhã será um dia daqueles... Alguém sentirá medo, sentirá os dias pesando feio na face, e a mente chorando, tentando encontrar um abrigo, mas o único abrigo é a fortaleza de saber que se é tão fraco que se se entrega por pão.

Um único jeito de se fazer livre é ter consciência do quão preso estás, e ter ciência de tudo aquilo que nos é ‘calcanhar de Aquiles’... Tentar esconder através de doces sorrisos toda a ira que nos condena pelo que somos, habituar-nos ao que nos oprime é o mesmo que acendermos nossa própria fogueira e seguir, mesmo que contra o gosto de nossos carrascos, o caminho pra morte... Consigo ver toda a ironia e toda a prisão de minha última frase, e que por eles vivemos ou deixamos de morrer... Apenas um novo começo nos possibilitaria o reerguer de nossos medos... mitos e delírios, Golias e Davi nos tornam fracos, pois no subestimamos naquilo que somos e superestimamos naquilo com o que não poderemos contar. Faço a ti, que sabes do que digo, um reflexo típico daquilo tudo que todas aquelas músicas gritaram. Todos aqueles que nos são tão diferentes, mas que em seus medos, existências semelhantes habitaram: “People are strange, when you’re a strange. Faces look ugly you’re alone.”

sábado, 17 de abril de 2010

Ela, parte I.

A obscuridade da alma dela me encanta. Vê-la em ruínas, em trapos... suja e abandonada por todos. Ninguém a suporta por perto. Sua voz é muda, mas sempre sussurra aquilo que já não se ouve nem se fala mais.

Jogada, Ela, se sente vazia; sente que sofre, que sua alma é o inferno e sua existência o mal. Vê-se como o egoísmo que destrói coisas belas e que torna imundo o amor. Ela, que tanto amou, que tanto se dá, que tanto se entrega... Ela que ama sim, ela que arrasa o mundo, e que torna ordinário toda a candura... todo o resto ingênuo que seus anjos atormentados escondem no fundo de suas almas perturbadas e vazias; almas estas que clamam por todo o horror que pode existir no mundo. Por todo o sexo regado a toda droga, o torpor máximo da existência: se Deus existe, é essa a hora de terem com Ele.

Num breve conhecimento Ela - que pode ser todos nós. - dá o bote, suga até a última gota do que percorre os sonhos dos seus amantes. Suga, devora, engana, cospe... vomita. Suga pra vomitar, para tornar inutilizável. Não quer para si, para estar consigo e permanecer em sua posse; porém, também, não quer na posse de ninguém. Precisa eliminar, queimar... mostrar o que pode roubar e o que pode destruir... que pode fazer com que lhe dêem a vida, mas depois, antes do suspiro final, mostrar que dela não precisava e ai, só para tornar inútil o amor, a prova do amor, abandona a vida daquele que se deu por ela... deixando-o lá, perdido e putrefato.

sábado, 10 de abril de 2010

"Nessas tortuosas trilhas..."

Com uma vontade de fugir daqui. Acho que usarei um nome falso, que tal? Me apresentarei como... não sei... Lis?! Não. Muito meigo, né?! Não daria para enganar a mim mesma. Sempre gostei de Lara (e de outros tantos nomes pequenos começados pela letra L: Lana, Luana, Lola, Laís...). Sim. Lara. La-ra. Tenho de me acostumar, ainda, a me chamar, a me identificar como LARA. Mas, quem será Lara? Serei eu mesma? Eu com meu nome sob o domínio de Lara? Ou me darei, enquanto me dou Lara, uma outra de mim mesma. Sei, sei que há alguma de mim, dentro deste eu exteriorizado, mas que, agora, busco substituir por Lara, uma que se dê por Lara. Sim, existe alguém antes do nome Lara que seja Lara. Mas, quem em mim deve ser Lara? O que de mim, não sendo Lara, deveria ser de Lara? Pensando assim, ao som de um blues qualquer, e rapidamente: meus defeitos. Sim. Os meus defeitos, não, ainda, os de Lara (estamos construindo Lara), mas os meus. Os meus defeitos são as únicas coisas de que gosto em mim, e que levaria como Lara, que serei eu, algum dia.

Lara, Lara que serei eu. O que serei quando eu for Lara?!

domingo, 4 de abril de 2010

Ergam seus copos...

Desculpa, mas eu não tenho grana p’ra montar um loock, meu ‘eu’. Nunca tive tempo para limpar a poeira dos livros da minha biblioteca particular, como você. Toquei fogo neles todos.

Não nasci pra ser sóbria, nem pra me manter limpa. Sou o vício consumido pelo vício. A dor que arde no instante supremo de algum prazer qualquer.
Sou a mulher perfeita “longe daqui, pra longe de mim”. Não sou estática, mas guarde a foto. Talvez seja tudo, tudo o que conseguiu tirar de mim.

E minta. Minta tanto quanto puder. Grite que me ama... Berre que o ódio faz o gosto da tua boca: ah! O ódio, o ócio, o rancor. Deixe seus pés te entregarem.
Mande flores. Buquês de rosas... vermelhas. Vá! infle toda a minha raiva. Peça pra me ver nua. Veja o branco dos meus traços, o negro do meu sangue.

A porra-louca? Pois bem, que seja. Sou... ou não.

Cansada? Sim. Traga-me mais, muito mais. Meu amor, meu vício, meu ódio... Eu. Simplesmente eu.

Dê-me com o que alimentar meus monstros. Veja, veja meu animal. Meus reflexos mais sinceros. Os olhos entregam, sempre. Prefiro a boca, calada, aberta... fechando. Prefiro as tuas mãos, teu cérebro. Teu coração? Este eu como, devoro... se me der.

Adoro as tuas pernas, tuas calças... você sem elas, também. Se eu as quero? Não precisa. Vá! divirta-se. Não precisa fechar a porta, estou de saída. Se eu volto hoje? Talvez sim; talvez nunca mais. Quem se importa?

O vício saciado. A fome aplacada. Sou só calmaria, monotonia. A paz entregue. O carrasco domado.

sábado, 3 de abril de 2010

ah! Joana...

Meu coração aos pulos. O telefone tocou, atendi "Como chego ai?". Chegar aqui? ou chegar pra mim, comigo?. Não, não divaguei, só passei o endereço. Quando chegou 'olhos nos olhos', mas eu já não enxergava mais nada. Caminhava por instinto, ou me guiava uma força que eu não poderia descrever. 'Quero-o tanto, tanto'.

Havia um destino comum pros dois, um bar e uma cerveja. Na tentativa de não olhar para ele, de não ver minha grande fraqueza, mexia desesperada e lentamente em minha bolsa "cadê a droga do meu dinheiro" "ou, tem um cigarro ai" "se eu conseguir achar meu dinheiro, acho teu cigarro". Não, mas eu precisava de mais, algo mais forte. Era tudo muito intenso, minha cabeça estava desconsolada. Não sei nem no que eu pensava, talvez em nada. "Não existem pontos finais no pensamento", e eu pensava, sim: cadê meu dinheiro e o cigarro... ah! o cheiro dele... ah! não quero cerveja, preciso de algo mais forte... que frase é aquela, do livro... deus, cadê meu dinheiro... Finalmente achei o dinheiro e o cigarro. Não fumava, comprei pra ele, mas não consegui. Acendi e fumei. Tossi. Escarrei minha alma evacuada. "você começou a fumar?" "sim, agora. E acabei de parar. Toma isso...". Preciso de uma coisa forte, cerveja não vai ajudar.

No bar, tudo era cerveja. Não via nada. Tudo era igual, pedi pro cara do balcão uma dose de tequila, mas não quis. Pedi a dose mais barata, da vodka mais vagabunda que ele tivesse: eu. "Por que você vai beber isso?" "narcisismo" "para de divagar, e responde" "p-o-r-q-u-e eu sou narcisista. Preciso ME beber: barata e vagabunda" "hilária você, hilária". Quando o garçom chegou com minha dose de mim mesma, peguei o copo e me preparei, em míseros instantes, pra me engolir, me degustar... me embebedar de mim mesma "Joana..." E me beijou, e me tomou antes que eu fosse minha, de mim. Antes que eu pudesse tentar contra minha existência. E, ainda de olhos fechados, mas sem uma boca junto à minha, peguei o copo e me virei. Me bebi, me errei. Abri os olhos, e ele me saudou "Errou na dose? Errou no amor?" "Joana errou de João", disse eu rindo.

quarta-feira, 31 de março de 2010

"E querem me torcer, me estragar, me partir, me secar e me deixar pele e osso"*

Isso ainda vai me consumir. Já me consome, na verdade. Não quero que saquem de minhas veias minha vida, meus amores. Malditos sanguessugas desgraçados, inexpressivos... exploradores adormecidos... máquinas inanimadas de falas cheias de emoção e dogmas disformes. Me consomem, me acabam... tirando tudo de mim. Suas vidas, seus amores... meus, MEUS.

Minha cópia, meu cuspe... o espelho que se quebra. Uma garrafa dissimulada de fim, nas mãos... um golpe, uma tentativa. Saciada, mas nunca não faminta.

Hoje eu só quero gritar que tenho nojo, estou com nojo de todas as pessoas. Suas existências mesquinhas e vazias. Suas cópias e seus clones. Tranco-me na certeza de meu reboco, na infância dos meus traços. Tive Lego e aeronaves. Hoje, ainda, leio, apesar de não fazê-lo com o mesmo entusiasmo de quando ainda era inocente, ‘sereias do espaço’ e divirto-me ao pensar no passado do futuro, e imaginar grandes cidades espaciais... em imaginar ‘star wars’ de diversidade. Divago nas minhas divagações vividas no passado, em que um filme (Hackers) era a grande inspiração para as minhas brincadeiras. Um caderno: um computador; meus patins: minha liberdade. Nas brincadeiras singulares, nas fantasias solitárias... nas interpretações, nas loucuras. Momento em que eu podia, sem prejuízo para a minha sanidade ‘social’, imitar, interpretar, conversar... ser tantas pessoas quanto eu pudesse fazer atuar no mesmo ato. Sim, tempo foi passando e o que era antes feito às claras, fora feito no silêncio do cérebro, p’ras paredes do quarto.

Quando hoje, ainda, vejo meus traços refletido nos que estão próximos. Preciso confessar que certo tipo de hipocrisia ( e tantos outros tipos), fazem parte de mim. Meus amores estranhos, meu ciúme doentio. O nojo escarnado pelo que amo. O ódio fascista dos meus olhos. Minha boca, minhas mordidas. Meu silêncio atormentador... As falas comedidas... e como naqueles filmes que mostram o que ‘realmente’ o personagem gostaria de estar falando (vide o recepcionista gay do filme ‘medo e delírio em Las Vegas’, quando um policial, arrogante acima da lei, acha que pode assediar moralmente alguém, e que este alguém deve, pelo princípio de que o cliente tem sempre razão, ficar calado), assim sou: a voz emudecida, mas que se falasse precisaria, o dono da voz, refugiar-se em algum lugar que nada entenderiam de suas profanações.

Pronto. Recebi uma dica: ‘mantenha-a sempre por perto. Pode ser preciso’; mais perto, talvez possível... talvez desnecessário. Mas, voltando ao tema (existe um, apenas um?), cansada, enojada e enciumada dos meus amores, profanados por bocas imundas. Alguns que fazem juras imorais (ah! meu amado Chico) por saber não ser sincera a verdade do amor. Dos dogmatizados que sempre têm tanta certeza sobre si mesmos e sobre os que o cercam. Que não bebem e não fumam. Que dizem que não precisas disso, ‘o mundo é lindo’. Que não entendem e se sentem confortáveis em renegar tudo o que é existente em outra pessoa. Que pessoas são essas? Que prepotências os assolam que os tornam tão medrosos quanto a si mesmos, e invejosos de outros, que julgam tudo errado e de baixo calão, por apenas, a outra voz, gritar com um ardor não visto, e por eles não sentido? Que corpo é este que abriga o triste dos mortais que se fazem superiores, que se apegam a singelas ou escrotos defeitos, de outrem, p’ra se fazerem livres das próprias dores e máculas? Que escarro de humanidade é esta que tira do belo, sempre, o que não é perfeito e óbvio. Que arte é esta, que vida é esta... quem são estes, aqueles... quem são vocês?! Por que, ainda, insistimos em caminhar ao lado deles, a lhes mostrar o que vemos... mesmo que jurem juras não imorais, não sentem, não sentirão jamais. São vazios, ocos sociais. Nunca, jamais sentiram. Renegados de si mesmos, pelos defeitos dos outros. Lixo e escrotos

*Baseado no texto "Joana e as vizinhas", Gota d'àgua - Chico Buarque de Hollanda.


terça-feira, 30 de março de 2010

É... posso perguntar?!

Quais de mim caberia em você?!

segunda-feira, 29 de março de 2010

"desmatando..."

Vontade estúpida de largar tudo. Queria correr, correr... maratonista sem linha de chegada. Queria nunca ter visto teus olhos... Meu sangue ferve (mesmo na dor não há que se abandonar o sarcasmo dos clichês), drogas que eu não usei, álcool que eu não bebi... sinto no meu corpo, gritando pra que outra de mim tome conta do meu eu: uma menos otária, menos medrosa, menos ciumenta, menos desesperada, mais calada, mais sacana... ESQUIZOFRENIA... é isso. Este é o segredo. Me comprometo a tentar...

sábado, 27 de março de 2010

"Vem, meu menino vadio..."


http://www.youtube.com/watch?v=G8-6pZxJ4yc


Me desculpa, meu amor, a covardia. Me perdoe, pois eu mesma não sou capaz, pela distância. Por eu ter fugido, abandonado a mim mesma sem você, quando a todo o momento, mesmo que eu dissesse não precisar, eu só queria sentir o seu cheiro, e o cheiro que ficava em mim.



Sei que sou arrogante, sei que finjo tudo tão bem; que não posso culpá-lo por não saber que, finalmente, eu o amo. Sim, finalmente posso gritar... mas é tarde e ninguém poderá me ouvir. Grito?! Me silencio, outra vez? E minha chance passou, o vi sair tão belo... e não me dei ao trabalho de lhe segurar os braços, de prender teus pés e pedir que ficasse.



“Tudo anda desesperado, hoje. Não tive um bom dia, tampouco uma boa semana. Discuti com outros amores, e ignorei tantas coisas importantes. Ri de uma conversa que ouvi, queria pode contar para você, tenho certeza que compreenderia que não é maldade... só sarcasmo.”



Você ainda pode me ouvir? Poderá me ouvir de novo, alguma vez, talvez?! Se eu deixar aquele recado, você ainda se lembra da minha letra?... "Você nunca viu minha letra.".





"seja no que despertou..."

Cá estou, perdida no tempo. Tempo certo, o melhor da vida, dizem. A hora exata para eu poder Ser, para eu me fazer... Refazer-se?! Não há tempo, dizem.

Ele disse que não existe sem ela (ou ele), eu sim. Não me vejo mais, não sei de qual delas (de mim) escreve agora. Será a que tu amas, ou será a que tu odeias?! Dói, corrói teu peito saber que eu posso sair, naquele dia em que me preparou uma surpresa, e não voltar jamais. Nunca mais. Nunca. Nunca. De tanto ardor, nunca mais existir. Acabar para existir. Acho que alguém cantou algo assim. Deixar de ser para se tornar. Tornar algo para nunca mais ter de ser nada.

Nada! Sempre o nada. Ser nada. Fazer nada. Prometer nada. Ter nada... Tudo. Todo..o nada. Disseram que só uma existência pode ser completa e ter fim e começo e meio em si mesma, o Nada. O nada em si é a única forma de ser total. À procura de ser completo é a busca por nada, nada ser.

sexta-feira, 26 de março de 2010

...

Nojo. Nojo. Nojo. N.O.J.O. É só isso que sinto por você. Um grito amargo, uma preguiça em mudar a vontade, em impedir a distância.

Sua presença, quase um estupro... em minha mente. Minha calma, sempre tão impaciente... odiosa companhia, destrutiva intimidade. É, nojo... apenas nojo. Nojo dos fins, nojo das visitas... nojo das palavras, das conversas... nojo da existência.

"Arrancou-me do peito"

Será para sempre assim, uma 'orfandade'; estamos ligados por alguma teia que eu não faço a mínima questão de enxergar e exterminar, mas faço necessário fugir e largar... "tocar fogo neste aparamento.".

Quando digo 'tocar fogo neste apartamento' eu poderia simplesmente referir à soltura dos laços, das prisões. Alguns de nós precisam ser cruéis para conquistar e permitir paz às outras pessoas. Se é esta a minha função... Em verdade não me preocupo com a função, a minha função. Em digna honestidade nem a função interessou-se por mim, tampouco eu por ela: casamento perfeito, de interesses. Se são frágeis, os sonhos, sou frágil, pois sou sonho. Se sou romântica, sou idiota. Se sou todos estes 'assim sou', então sou. Apenas sou o que digo ser, e talvez não vejam o que sou, pois dizem que eu posso ser algo de que não sou. Não que eu não seja, mas no que me limitam a ser, não sou. Limitações de 'ser', sou (ou não).

A procura insistente dentro daquilo que abriga a miséria das minhas angústias. Não sei se a miséria é o sofrimento, ou se o sofrimento me salva da miséria. No grupo dos que se alimentam de si mesmo, 'auto-antropófagos'... por que não? devoro-me, ou me devorarão. Pelo menos no meu auto-devorar-me sei quem me devora e do que necessita de mim, do me eu sobrará: tudo em mim. A digestão do meu próprio eu, por mim mesma, sou, a resultante. A resultante podem ser tantas quantas eu puder digerir. Meu intestino... o ânus do que for lixo, será parte de mim mesma. Sou todos os canais: do que ingere ao que liberta. Minha própria liberdade.

Certo, amigo, agora, conte: o tempo passa. Quando você acordar velho, na mesma cama, na mesma casa, para a mesma função social de mais de 30 anos... não desespere, a velhice é um alento "vivi ordinariamente (tão comum), sem emoção, sem explosão... nunca sai daqui, mas sei que hoje, ao menos, estou seguro, posso morrer em segurança... e sem bagagem.

Se tiver de amarrar-se a algo escolha um algo que você não odiará. No qual, se assim não for, será do tipo que odeia aquilo que deveria amar. Aquele amor obrigatório, pois, afinal, no que dizem das escolhas, empurradas ou não, você tem parte com elas, das culpas. A culpa é tua e a dor só você carregará. E ai, os braços da tranquilidade, o alento quente do amor-inexistente é válido?!

Tem mais.

Sabe de uma coisa um tanto cruel?! É começar a escrever algo lógico, no caminho seguro... e o trem desandar com o desenrolar do desdos no teclado. 'Ah! meus pobres enganos', Rita.

terça-feira, 16 de março de 2010

"De todas as criaturas, a mais sanguinária."

Ele vestiu as calças, e ela continuava sentada na cama, imóvel, estrangulando seu amante; ele abaixou-se, calçou meias, sapatos e ela olhando, muda, enervada, enraivecida a ponto de cometer um crime; ele dá os nós nos cadarços e ela dá um nó na língua: quer queimá-lo, furar seus atraentes e perversos olhos verdes. Paolo levanta-se, cata o paletó, numa indiferença enojada por sua comparsa de sexo, e sai, fecha a porta, cerra a sanidade de Rita. Ela levanta-se, louca, arrependida, amargurada, sem rumo. Grita, gira seu corpo por aquele quarto de hotel barato, joga a garrafa de vodka vazia contra o espelho, quebra-o. Seu coração, aquele que ela quis dar a alguém, mas esqueceu-se de que sem o próprio coração ninguém pode sobreviver... e ela não queria morrer.

Rita olha pela janela e vê Paolo saindo do prédio, sua vontade é de jogar a tevê de quatorze polegadas pela janela a atingi-lo, para que morra. Seu rosto e suas mãos se contraem e seus olhos se reviram, seu pescoço impaciente quer saltar fora do corpo. Ela respira fundo, acende um cigarro e fuma. Abre o frigobar e pega uma cerveja, senta-se à cabeceira da cama, cruza as penas longas e finas, e delicadamente engole aquele líquido amarelo, gelado que esfria sua cabeça: “essa maldita porta sempre se abre”.