sábado, 31 de outubro de 2009

Posso dizer que amo sem ter de confessar o nome? Posso dizer que no meu peito, sim, no meu peito algo arde a ponto de me deixar cega, ou revelar o melhor dos horizontes? Posso dizer que o meu peito ama um amor que me faz deixar tudo, ter tudo, ver tudo, sentir tudo... e um dia eu entendi o 'tudo' dela, o tudo de 'Joana'... o tudo da 'Clarice'.
Ah! sim... eu já tive os meus amores.

...confesso...

Alguma coisa qualquer me dói, me dói muito, profundamente. Sinto-me a tal merda ambulante do mundo, me sinto imperdoavelmente sincera, franca. Algo muda, algo transforma. Sim, havia aqui um pouco de sensibilidade, de desejo franco e desinteressado. Hoje, pulsa no meu peito a vontade de fazer sofrer, a vontade de ver a cor da lágrima, sentir o gosto do sal. Hoje grita alguém sem tempo, e que não sabe amar.


Sim, talvez eu soubesse e talvez eu quisesse. Nada tanto me agrada que eu possa ser outra. Talvez, seja mais fácil deixar o mundo aos fortes, e entregar-me a toda a franqueza que meu estado lamentável clama de mim. Todo o torpor reprimido de uma vontade que eu precisei apagar, macular de honestidade.



Tenho um riso amarelo, como daqueles que mentiram tanto que hoje sabem dizer a verdade como se esta fosse única. Minha voz é grosseira e meu amor tão intenso. Um dia, talvez, leias o que eu disse e saibas que foi para ti. Talvez, um dia, exista um ‘ti’ para tudo o que disse.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

tempo...tempo...sempre ele.

TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC
TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC TIC-TAC... GAME OVER.

domingo, 25 de outubro de 2009

...e era de se aplaudir.

Sim, eu confesso, meu amor: eu tive medo de chorar. Não medo por você me ver chorando, mas por eu saber que choro. Por saber que em algum momento eu me desfiz, e alguém sentiu o gosto do sal... em mim.
Estava sempre no íntimo de tudo o que eu escondo as razões de meu refúgio. Guardei-me, me escondi, revelei a farsa; e num momento eu não soube quem mais ser, quem mais eu deveria ser. Quando estava entre eu e o espelho, já não sabia quem refletia quem. Alguém esgoelou em minha cabeça, quebrou o espelho... o casulo abriu e eu sai. Sai nova, nova criatura.

domingo, 13 de setembro de 2009

...e numa noite.

Era um desejo egoísta de viver até esgotar todos os sentimentos que levam ao rosto alegria e uma certa dor de prazer. Desejava que toda a noite fosse incrivelmente usada e abusada, que pudesse sentir o que havia para se sentir em toda uma vida, em uma noite. Como se o amanhã não houvesse, e fosse necessário ser feliz hoje, agora e sem nada para nunca mais. Queria só que as pessoas soubessem guardar aquele momento como uma foto, e sem nunca tentar repetir aquele trago, aquela vodka que desordena o mundo, e dá caos a ordem (no clichê mais sincero, talvez, que eu conheça).

Tudo numa noite: e sem telefone (ou msn e orkut) para depois. Aliás, não havia depois. No depois éramos outros, éramos diferentes... não poderia ser igual, não deveria ser igual. Há coisas que não se devem clonar, fazer de novo, devem ser mantidas em segredos, em sentidos: no silêncio total. Aquela noite foi assim, e o telefone não tocou, nunca tocaria.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Nova 'era', novo futebol


Há muito tempo que jogos da seleção brasileira em nada me emocionavam, assistia mais por um amor à bola e, talvez, um vulgar mas delicioso patriotismo sem sangue e invasões.

É inegável que jogadores com cara de clubes ou de uma seleção guerreira e querida dão um 'up grade' aos jogos, às disputas. Durantes anos um único nome me era o senhor de toda a torcida que fazia. Um nome que eu sempre quis ver defendendo nossa bela e contraditória (como tudo o que é belo) seleção/nação. Assistimos às estrelas se acabarem e nos decepcionarem; vimos confusões futebolísticas de cunho corrupção arrasar e marcar para sempre um ano, um campeonato ( e que em minha humilde opinião, 2005 deveria ser apagado do nosso futebol como campeonato, mas nunca como exemplo), e uma nação.

Hoje a nossa seleção não tem a cara dos caras (como aqueles de que nos lembramos muito bem, como os da copa de 2006 e boa parte da nossa imprensa 'puxa-saco', ou prostituta das informações; ou egoísta patrocinadora como a final da Copa do Mundo de 1998), mas tem um sentido, um sentimento. Estes novos caras estão horando a camisa, e com exceção de, talvez, um único jogador que só é convocado porque a imprensa ainda o faz jogar, e botando as canelas ao combate me fazem gelar a cara anúncio dos jogos, e a não pensar em nada durante o dia, a semana que não os jogos (como o fez meus pais, quando futebol, ao menos a seleção, ainda era por amor).

São impagáveis os novos jogos, os novos jogadores, e em dada parte, até a nova imprensa.

Uma nova vitória aguarda por nós, mas a mais impressionate veio pelas mãos do criticado e centrado Dunga. E digo mais, o melhor para ele e para a seleção foram as desconfianças e as críticas pesadas e negativas que recebera no começo, na gênese dessa nova etapa do nosso futebol. O Título da copa pode não ser nosso, mas esta seleção tem todo o meu apoio, na vitória e na derrota.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

e os amores?


Sei que é apenas um filme, sei que para muitos filmes são apenas meras distrações, ou perdas de tempo. Mas são mais, muito mais. Minhas experiências, minhas construções, minhas falas, meus modelos, meus ‘anti-heróis’, os tenho a todos nos filmes, ou quase todos. E eu poderia expressar de ‘n’ formas variadas todos aqueles personagens que amo, todos aqueles que eu gostaria de viver ou de amar.

Sim, sou platônica, redundantemente idealista. Tenho as minhas aspirações de perfeição, não as procuro , e jamais quero sê-las. São meu fogo, meu alimento, meu frio, meu abrigo, minha família... Minha euforia representa por atores que não sei os nomes, mas conheço como a mim mesmo cada personagem. Posso descrever seus atos, seu caráter, seus amores. Não me traem, pois confio que o seu melhor é o meu melhor.

Minha frágil existência e minha mínima experiência é completa por meus heróis, por meus vilões e por minhas personagens. Eu as vivo, as sinto, torço, espero, sofro... sou feliz, sempre. Pode se dizer que sou uma estúpida romântica que, simplesmente, ‘enjoa muito facilmente das coisas e das pessoas’. O amor e a paixão não têm data de validade, tampouco devem exigir que se extrapole o que se sente. A magia de se amar é saber quando não se deve prosseguir exigindo, para que jamais julgue perverso o tempo do amor.

Hoje digo que tenho a quem amar, mas que não amo por completo. Amo-o quando ele é o que eu preciso, quando ele é o que eu admiro. Seus outros personagens não me influem, meu amor é meu. Sei amar e amo. Alguém concordou comigo ‘o amor só dá certo quando não acontece’. O velo, meu querido, no silêncio do que não se pode expressar. Amor não tem padrão, ou têm? Para alguns, sei que tem. Para mim, nunca. Formas variadas para se amar, amor que vale tanto quanto a alma que o vê. Uma alma baixa, promíscua, ordinária só vê o mesmo amor, de uma mesma forma: sexo.

Mas, podia eu falar horas e horas sobre o que eu amo, quem eu amo, como amo... Mas seria necessário que eu, apenas, deixasse as páginas em branco. Quero comentar sobre uma personagem, sobre um amor.

Uma vez assisti a um filme que me fascinou, conquistou e que amo: orgulho e preconceito. Se me fosse obrigado nomear um homem perfeito, um homem que eu não posso descrever em motivos, diria, instantaneamente, apenas ‘Mrs. Darcy’. Talvez por uma bela atuação silenciosa do ator Matthew Macfadyen, a personagem que tenha sido o maior êxtase de que já senti ao vislumbrar feminina e romanticamente falando, a silueta de um homem, na sua concepção de Ser.

Julgam-se, os homens, que os bem vistos são aqueles que se perdem em academias e falam besteiras, e as tratam (mulheres) como se fizessem um favor ao olhá-las com lascívia. Outros tanto, fugindo do conceito de ‘mulher gostosona’ se jogam em bibliotecas e se fazem cópias mal feitas de grandes filósofos, que jamais serão. Esqueceram-se que os heróis e os modelos (mesmo que os vilões) não existem para serem igualados. Existem para que se possa saber de um ideal pelo que se vive. Uma mistura de filosofias que possam resultar na sua forma crítica de ver as coisas. Julgo estúpido todo aquele que diz não ser influenciado, ou que têm uma ‘própria consciência crítica’, como se nada o tivesse criado, ou se fosse uma sombra perdida no mundo, largada por próprias reflexões empíricas, mas que ao final, tudo o que se desejou, era que se houvesse no cérebro um conceito para dar. Voltando ao que eu tento dizer, homens se fazem pelas mulheres que procuram, pelo preconceito, às vezes negativo. Uma vulgaridade consciente e, vezes, inconsciente apodera-se do tratar entre as pessoas. No meu silêncio alto, de brando eu tento ouvir aqueles que pouco, como eu, dizem. Os toques sensíveis, e as conversas delicadas me agradam sempre, mesmo que impregnadas de pornografia ou palavrões. Quando os ‘teus’ olhos me mostram o quanto coloca o outro em ponto de caça a ser ‘comida’... as coisas se fizeram em cores que me desagradam e que meus olhos optaram por não ver... Então, se eu pudesse nomear uma ideologia ou, melhor, um desenho da ideologia seria o personagem ‘Mrs. Darcy’ do filme ‘Orgulho e Preconceito’ 2005.

sábado, 22 de agosto de 2009

Lume

“Para quê mandar cartas?” Foi a pergunta que uma amiga, recentemente, me fez. Eu meditei cretinamente sobre aquilo. “Para quê mandar cartas?”, seria mais fácil, em teoria, apenas telefonar. Eu não precisaria sair de casa. Mas nada é tão singelo e tentador como palavras, mesmo aquelas das ‘mal traçadas linhas’ emocionadas.


Eu preciso até confessar que me entorpece a existência as belas frases. O néctar clichê dos apaixonados por algo tão sutil; e a certo ponto irrelevante como as tão gastas palavras, uniformemente lado a lado, gritando em meus ouvidos uma existência que transcende aos excessos humanos. Que deixa à beira do abismo, o corpo envolto no véu da castidade entediante dos que apenas preferiram tocar o que é ‘apalpável’.


Ainda ouço aquilo que me diz a Noite. Aquele vento que reacende dentro de mim todos os meus pavores, os meus monstros: os motivos pelos quais me tentaria o suicídio. Uma calma com cheiro de desespero torna inerte qualquer tentativa de suplício. Nada me excita tanto a imaginação quanto o terror dos olhos dos meus sonhos.


‘E alucinando e em trevas delirando,
Como um ópio letal, vertiginando,
Os meus nervos, letárgica, fascina... ’



Sei que de nada, tudo isso valha muito. Mas é um todo que faz necessidade à minha alma, os traços dos meus amores, dos meus encantos. Das paisagens visitadas sempre que eu, simbólica e nada sublime, me enceno. Apenas mais uma navegante dos mares turvos, vigiados e endemonizados por aqueles que não veem a beleza no que está além da posse da ‘figurada’ realidade.

domingo, 16 de agosto de 2009

E nós saberemos criar...

E depois, e já tendo desistido de procurar o encaixe imperfeito que torna todo o caos a única paz a se buscar, eu resolvi pôr dada ordem em meu mundo... Mas, lembrando-se sempre, que minha ordem, o meu cosmo é sempre uma bagunça, inexplicável como qualquer verdade única, não existe.


Pensando sobre fatores e circunstâncias cheguei a decisão de que, apesar da não esperança, pretendo encontrá-lo, seja lá como for.


E, a despeito do que fora escrito no parágrafo insultuoso acima mal posto, penso que muitos sabem muito bem do que posso eu estar procurando, desculpem-me, de quem posso estar à procura. Mas, ainda que lhe afetem a sagacidade do conhecer o Ser, eu digo que esqueças, que ‘incrompeendas’, pois, na certeza, você nada perto chegou do quê ou quem procuramos.

sábado, 15 de agosto de 2009

o acaso faz o ladrão?

"Ele canta por amor
Eu só canto por dinheiro
No seu canto tem valor
No meu canto tem vintém
Ele geme a sua dor
Eu não choro por ninguém...
Ele casa no verão
Eu namoro o ano inteiro"

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

à loucura que me faz de morada...

E ali estava eu, ouvindo-o gritar como um louco; mas confesso que muito pouco ouvi de tudo o que ele bradou. Ele gesticulava de uma forma engraçada, me deu vontade de rir, e eu ri “Você é louca. Ainda debocha de mim, depois de tudo o que você fez? Você não tem respeito por nada, por ninguém. Perdi meu tempo com você... PERDI MEU TEMPO”, e, terminando com essa frase, bateu com a porta e nunca mais voltou, espero.

Comecei a pensar, então, em 'PERDI MEU TEMPO'. E não acho que tenhamos perdido o tempo um com o outro. Como diz a música “foram tantos gritos roucos, tantos beijos loucos...” que a nossa história não poderia ter sido apenas uma perda de tempo. Mas eu o entendo, como entendo a quase todas as pessoas: as coisas só valem enquanto podemos consumir. Consumir as pessoas, os sentimentos, as vontades. Comprar, vender, trocar, 'comer'... quanto mais pessoas melhor. Nos prostituir, prostituir nossas emoções, nossos sentimentos. Suas vontades, minhas mentiras: nossos deboches e máscaras.

E ali ‘além da máscara’ estava eu... Em verdade pouco usei a tal máscara comum, por isso, talvez, ele se tenha tão facilmente cansado de mim, Uma honestidade ‘vil’ – muitos assim gostaram de chamar minha franqueza – era única coisa real que existia... O único ponto comum entre aquela máscara que eu construí com a dor da perda de alguns sonhos, e a obrigação em ser um ser-sociável-sem-originalidade-emocional-emotivamente-padrozinada-culturalmente-submissa-à-vontade-de-quem-se-ama, com a versão de mim mesma, ou a original da cópia que sempre uso, mesmo que eu tenha várias cópias de cópias de cópias e que ao final são todas novas versões nada parecidas, penso, com a original que pouco conheço pelo fato de me terem tirado-a quando eu comecei, por mim mesma, a escolher que roupa usar, ou a vestir sozinha a própria calcinha, ou ainda a amarrar o cadarço – mesmo que sempre digam que eu escolhi o jeito mais difícil, menos prático de amarrar o cadarço –. O único traço comum entre a verdade e a mentira é uma das piores de minhas qualidades, o que me leva a pensar que no mais não devemos ser honestos, apenas o que se espera, mesmo que se minta, que se falsifique, engane e etc.

Estou tão enganada assim, por amar como o amor me vem? Será que o único amor é o amor festfood novelístico: 'Oi... te amo... quer casar comigo?... vamos ter um filho?... maldito, eu te criei, eu te fiz, eu te dei amor, carinho e agora você faz isso?... quero me divorciar, vadia. Nunca devia ter me envolvido com você... não, Meritíssimo, não quero continuar casado com ela... oi...te amo...quer casar?... não quero ter filhos... eu odeio aquele seu cachorro, livre-se dele... não estou te traindo... não estou te traindo... não estou bêbado, sua safada... não, não estou diferente, e nem mais feliz... não estou mais feliz... estou apaixonado por outra, quero me divorciar... te amo, quer casar comigo...... e assim vamos consumindo o que há por consumir, afinal, a velocidade é 'alma do negócio'.

E agora que dói no peito, espero não me acostumar à dor: ainda há tempo. Ainda há loucos que andam sós...

sábado, 8 de agosto de 2009

...ainda que faça falta...


E há muito tempo, quando a gente achava que o mundo seria como os nossos olhos viam, que estaríamos sempre juntas, que nossos sonhos seriam de um presente divertido, de uma vida de êxtase. Mas foi quando nos mostraram a realidade, e nos disseram que a adolescência se encera aos 18, e é inadiável...

Ainda vejo reflexos e guardados de uma época que a gente sabia ser livre, e brincava de “mochileiras do universo”.

E numa das maiores ausências, uma dor de conformismo se antepôs à dor da despedida: um abraço; e a gente aceitou que tudo tem um fim, e que o nosso (aquele nosso) estava ali, seria guardado numa lágrima e num grito...quando algo partiu.

Num coração remendado sem jamais ter sido quebrado; num olhar miúdo e calado de alguém que pressente que o fim esteve próximo, e que o passamos...

Mas a gente sabe que um futuro é em sonho...e para ser sonhado. Espero ainda vocês e a mim. Quem sabe, talvez, num passado próximo a gente possa contar novas histórias: “e foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais, que o mundo compreendeu... e o dia amanheceu em paz.”

sábado, 25 de julho de 2009

... e só mais uma história...

E ele me olhou, disse que eu era dele. Disse-me que naquele camarim, entre todas aquelas fantasias, que a gente seria um, faríamos um... “Ahhh! Magia!”.

E ele me levou e me pagou uma bebida. Sentamos para conversar, e seus olhos invadiram os meus. Eu que sempre tinha todas as respostas afiadas na ponta de uma língua mortal, me esqueci de quem eu era. Seus olhos negros, feito a vodka na minha consciência, me comandaram. E ele jurou... Ah! Ele jurou...

A noite passou e a gente “Ahhh! Magia”, as flores murcharam e o uísque acabou, a garrafa secou. Ele jogou no chão minha calça rasgada e saiu, foi embora. Fiquei sozinha como sempre fico... mas um sorriso, e não sei se feliz. Em passos desesperados ele voltou, me pediu em casamento... queimou o buquê de noiva; fui viajar, para sempre.

Meu amor de camarim nunca mais me viu, nunca mais me ouviu. Minha voz? Nunca mais foi dele. Meus gritos “Ahhh! Magia”, ele nunca mais sentiu... Só lhe deixei um bilhete, um recado, escrito num papel e colado na garrafa de scotch...

Meu bem, “Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese,
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca e
Você... nunca mais feliz”

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Me perdoe, Chico.

Dentro dele um coração folgado,
Que comove toda a arquibancada.
O palhaço é um charlatão,
Vai cantar uma canção.

Tem um jovem coração,
Dentro dele sai mais um palhaço.
Do palhaço da canção,
Com tanta agonia,
Da boca para fora.



(Dentro do meu coração de pano eu amo)

terça-feira, 21 de julho de 2009

Às 'The Cat Miau'.



A todos que já se cansaram de ouvir ‘eu não me dou bem com mulheres’, saibam que nessa viagem que fiz a Fortaleza, conheci duas novas amigas e conheci melhor uma ‘safada’ que eu já sabia o nome.



Às vezes a gente se depara com pessoas que nunca vimos, ou em quem nunca reparamos e com um gole de catuaba inicia-se uma intimidade que só pode transformar-se em amizade; mas não naquelas amizades que precisam de podas ‘línguísticas’, ou em morder a língua toda vez que o que queremos dizer é “deixa de ser estúpida... Enfia no cu, então.”



Só queria dizer Karol, Ana Créu, Sam e minha querida Marina que aquela (minha, nossa) Fortaleza não teria sido tão incrível como foi. Surreal até, se não estivéssemos juntas.



... e relembrar sempre todos os ‘B.O.s’, todos os vômitos, tombos, cantadas, piadas, ônibus, areia nos olhos, ondas, ‘tapas na cara’... Acordar com o sol batendo no rosto, paulistas cantando Raul num estilo reggae a noite toda. A Karol acordando estressada, Samantha e Marina enrolando pracaralho, piadas e poses da Ana Créu. E claro e não menos importante: TIO TÁCITO. –“Tácito, amorzinho, é com carinho”

terça-feira, 30 de junho de 2009

"Deixa eu te mostrar"

A maior das putices que fiz a mim mesma foi despejar montes de palavras com significados presos na minha incoerente cabeça. Escrevi centenas de baboseiras, e esperei com uma falsa sinceridade que entendessem o que, pelo amor de Deus, eu estava escrevendo.

Nos últimos séculos eu percebi que não consigo escrever mais com a caneta, minhas idéias se atrapalham quando eu as canto, as falo ou tento escrevê-las: safadas egoístas.

Minha hipocrisia é tão insignificante quanto a de qualquer engravatado sendo diplomata... O que eu queria era poder ligar o tal do ‘foda-se’, e acabar com a angústia de ficar ouvindo choramingo amoroso, ainda bem que Deus não dá asas a cobra... à minha cobra. E não é que eu não me importe com quem tem confiança suficiente para chorar as mais profundas e egocêntricas verdades, mas é que se me chora a sua dor quer ouvir o que elas causam em mim: repulsa; mas do contrário, minha reciprocidade é grosseria e minha ‘ajuda’ uma punhalada.

Não planejo ‘os pequenos’, e não desejo com quem tê-los. A solidão me cai tão bem, que seria altruísmo demais para uma egoísta como eu desejar dividir meu sono com alguém.

Disseram-me em dada conversa, ou reflexão verossímil de toda as minhas mentiras (ah! Eu não minto, mas tenho tantos personagens a encenar...): “odeio sua linguagem dadaísta”. E eu sempre gostei de toda a ‘merda’ vanguardista-dadaísta.

A confusão que faço é a de desejar que sejam todos vocês sinceros o suficiente para que eu os chame de hipócritas baratos, pois uso ao meu bel prazer tudo o que posso tirar do nada da verdade. A minha verdade é só um ponto de vista momentâneo, que com certeza me causará dado benefício, vantagem ou nada. Em regra, eu não espero nada de ninguém, mas espero que estes ‘ninguém’, que em minha vida possuem nome e o meu amor, não esperem e não cobrem nada de mim.

Minha existência, na condição de humana devidamente inserida no seio da sociedade, está aqui para servir e vigiar, mas minha voz é muda, meus olhos cegos e minhas mãos analfabetas, então, não procurem contar com meus relatos, saibam apenas, caros vigiados, que estou atenta a tudo.

Ouço gritos, barulhos, gestos, visões... O satélite pesa uma pluma, teu corpo me prende o suficiente para me fazer livre. O que pesa e danifica é o peso, meu peso é o mínimo. Desapareço com as sombras, minha sombra é tão comum, que em tua vida, no máximo, há de se lembrar de mim como um nonsense decifrável.

"Flor da idade"

Era uma noite comum para alguns, mas para Carmem seria a primeira noite, primeira vez que iria a uma festa: vestido preto, sandálias de salto fino cor de prata; cabelos lisos e negros, amarrados num infantil rabo de galo, maquiagem leve: apenas realçava seus lábios finos e seus olhos grandes e escuros: apenas uma criança, quem sabe.

Ela passeava deslumbrada pelo imenso salão - nem em seus sonhos ele seria tão belo-. Olhava encantada a todos os lugares. Seu vestido batia elegante e sensualmente em seus joelhos, desenhavam os contornos de seu quadril e de sua cintura fina. Sua cor alva, pálida contrastava romanticamente com o negro de seu cabelo e de sua roupa: era magnífico... enfeitiçava.

O olhar expressivo, de quem esta descobrindo por entre a fresta da porta do quarto dos pais o presente de aniversário de quinze anos, chamou a atenção de um homem. Ele viu-se irremediavelmente atraído por aquela tradução de qualquer ordinário poema simbolista.

Seus olhares se viram, se amaram. Ela não compreendia o que sentia, ele sabia: desejava qualquer coisa sexual regada a trivialidade de um desejo além linguagem humana. As pequenas mãos de Carmem foram tocadas pelas mãos calejadas de história de Henrique. O corpo dela estremeceu, como se naquele instante, ela soubesse o que é o mais intenso prazer carnal, vulgar até, se não fosse o fato da pouca idade, do desconhecimento conceitual de sexo.

Seus corpos se encostaram, buscaram a calmaria um do outro. Como se não fosse aventureiro, Henrique a beijou, tocando levemente em seus cabelos, soltando-os. Suas mãos desciam pelo meigo e delicado rosto de Carmem, tocando em seus ombros. Escorregando até sua cintura. Uma explosão louca de excitação rompeu com toda a infância que ela levava consigo: sim, ela era apenas uma criança. E ela agradou-se do que sentira. E experimentou tudo o quanto pôde. Sua inocência ficara guardada naquele beijo, com aquelas mãos: eterno refém do sagrado primeiro amor, como o primeiro trago... depois do vício.

sábado, 6 de junho de 2009


"O jogador é um fogo a queimar"



Foi no dia em que eu esperava, apenas, que vencêssemos o jogo e nos classificássemos para as quartas. Naquele dia, às 21 horas, ouvi Ana Luiza Castro anunciar que Luis Fabiano fizera um gol... Apesar do resultado, ele, Luis Fabiano, já se fizera importante na minha vida. Sim, dos meus vários tipos de amor.



Todos os jogos, todas as brigas, as frases polêmicas “Entre brigar e bater um pênalti, eu prefiro ajudar na briga.” não borram o talento dele.



Há muitos anos defendendo Luis Fabiano na seleção, e sempre colocando na berlinda outros tantos – aqueles que eu não preciso nomear, diga-se de passagem, não têm futebol à altura da fama, mas que Galvão, Milton Neves, Luciano do Vale fizeram o favor de criá-los como craques -.



Ainda me dói lembrar do apoio dado por parte de uma das nossas torcidas organizadas à saída de Luis Fabiano do São Paulo Futebol Clube – assim como fizeram com o Kaká -, em ‘conluio’ com nosso ex-presidente e diretoria. Hoje, sei, que muitos deles, como eu, adorariam tê-lo, outra vez, defendendo nossas cores.



Sempre torcendo por ele, para que mostre o futebol que, há muito, me encantou e a tantos outros. Um craque, mas não por ‘falácia’.



De meias brancas, chuteiras brancas, sempre com o tronco pra frente, pronto para qualquer briga, para qualquer lance. Daqueles jogadores que não desistem da jogada. Peca, até, por querer vencer todos os lances. Mas é por isso que se diferencia dos ‘bonitinhos’ que não botam as pernas em risco.



Luís Fabiano, ever... forever.

"O que é verdade, e o que é desejo..."



Divago incansavelmente à procura de algo para aliviar o tempo que ainda me resta. Meu corpo está frio, rígido... A água da chuva não deixa meu sangue empoçar. Não sinto o cheiro de ferro, mas o seu gosto e insistente em minha boca.



“INFERNO!” Alguém grita ao meu lado. Será que não vêem que estou quase morta, mas não surda? Mãos estranhas passeiam por meu corpo. Não respeitam nem os moribundos.



- “Ela ainda esta viva. Cadê a ambulância?”



Ouço perto o barulho das sirenas. Será que ainda dá tempo? Será que me salvo? Meus dentes estão vermelhos, acho que rasguei o meu véu da vida. Será que se pode costurar isso? Remendar? Acho que não.



- “Saiam todos. Abram caminho. Deixem-nos passar. Raul, tire todos de perto dela”



A para-médica segura minhas mãos e diz que tudo ficará bem, que eu estou a salvo, desde que eu fique com ela – “Fique comigo. Como é o seu nome? Luiza? Luiza, fique comigo, oquei? A estamos levando para o hospital.”



Num dos momentos mais importantes da minha vida, a minha morte, oras, só me lembrei de ironias, não havia outra coisa que eu precisasse falar... E na mais sã das minhas falas eu disse àquela que falsamente segurava minhas mãos:



- “Não. Tirei as cortinas, agora, eu descobrirei o tal do Deus.”

sexta-feira, 5 de junho de 2009

"Whatever"

Eu tenho sono, e estou cansada das suas loucuras. Por que, hein, você não me deixa aqui, quieta e muda? Quero apenas me deitar. Eu já disse, estou cansada... muito cansada.

Suas pernas já irritam as minhas, quando as toca. Seu cabelo está oleoso, e seus olhos não me dizem nada. Simplesmente nada. Será que você morreu, hein? Morreu? Ou será que quem morreu fui eu? Tanto faz.

Ah! E essa planta. Não aguento mais regá-la. Eu disse a ele que não comprasse, ou que cuidasse dela. Planta suja. Pra quê, hein, esta planta? Aquele cachorro? Ele comprou uma bermuda. Odeio quando ele usa bermuda com regata. Me dá náuseas. Sim, sinto náuseas dele, algum problema? Tanto faz.

Sabe, em outrora eu não me importava com o que eu odiava, e sentia por ele o amor que tenho às coisas que amo. Mas e agora, hein, onde estou? Quem me guarda? Tanto faz.

- Não, por favor, não toque em mim com estas suas mãos.
- Mas você gosta das minhas mãos, Camila. Sempre gostou. Sempre disse que gostava.
- É... eu gostava, e foi por causa delas que estamos juntos. Mas não gosto mais. Não consigo olhar para elas.
- Você tá drogada?
- Não.
- Você é louca, sabia?
- Sim, sim... Já me disseram isso. Não quero mais as tuas mãos.
- Eu as corto. Eu as tiro. Você prefere um homem sem mãos?
- Um homem sem mãos é pior do que um homem com mãos não mais amadas.
- Sua louca. LOUCA.
- Pode, oquei, parar de me chamar de louca. Eu já disse que sou, ou talvez eu seja.
- Hein, Camila, quer uma taça de vinho?
- Hein?
- Não discutirei com você, oquei? Você é louca. Quer vinho ou não?
- Quero. Por favor.
- Ver filme? Ouvir música?
- Não. Só... joga essa planta fora? Corta as mãos?
- Não. Não jogo fora e não corto as mãos. Beber vinho no canudinho não dá.
- É verdade. Oquei. Eu abstraiu.
- Louca
- Tanto faz.

"Havia algo de insano"

O braço direito dela estava apoiado na janela, e seu rosto deitava em seu antebraço. Os olhos vislumbravam qualquer coisa que os prédios não conseguiram impedi-la de ver. Tinha um leve sorriso nos lábios, um sorriso louco. Os lábios insanos.

Numa piscada longa, talvez ela tivesse rido ironicamente de toda a sua vida. Largou a janela e deu-se a andar pela sala, onde havia uma samambaia – a única planta da casa que ela gostava, todas as outras tinham flores – e seus dedos roçaram delicada e insensivelmente suas folhas.

A casa estava vazia, e ela gostava tanto, mas sabia que em breve os demais moradores chegariam, e todo o seu gosto alegre seria substituído por uma estranha vontade de ficar longe de todos eles. Preferiu não pensar no repudiado repúdio, ligou o som. E ao som de ‘La Boheme’ dançou, e desejou dançar para sempre. Seu corpo rodopiava frenética e desengonçadamente. Ela sentiu-se uma bailarina de qualquer balé russo – não entendia nada de balé, mas sempre se lembrava de uma bailarina anã russa de um livro qualquer que lera há muito – e caiu no chão. Soltou uma doce e medonha gargalhada. O desespero é tentador.

Toda essa movimentação física acendeu a vontade de beber... vinho. Foi à cozinha pegar uma taça, e olhou para a geladeira “Tina, não esqueça que hoje é o seu dia de arrumar a casa.”. Uma raiva cruel tomou conta da vontade de dançar “odeio que me digam o que fazer. Não agüento mais.”; caminhou até a sala, pegou um papel e escreveu um bilhete, deixou-o, fixado, acima do recado que lhe deixaram na geladeira.

Em seu quarto, Tina, arrumou algumas coisas, pegou algum dinheiro, e tirou de sua bolsa todas as fotos que carregava, não haveria mais chantagem emocional. Abriu a porta e saiu.

Quando os ‘demais’ moradores chegaram a casa, encontraram tudo bagunçado. Tina não arrumara coisa que fosse. Rafael, que era o mais velho da república, foi até a geladeira para conferir se o bilhete não havia caído, e encontrou o recado de Tina:

"Não preciso que me digam de que lado nasce o sol, porque bate lá meu coração.”. Um dia, talvez, eu volte. Ah! Guardem as fotos que “eu não quis carregar.”

quinta-feira, 4 de junho de 2009

"Beyond here lies . Nothing done and nothing said"


Eu podia ser aquela fraca, sentada olhando enquanto pessoas passavam. Eu me perguntava a todo o momento se eu deveria me levantar e sair, procurar o que quebrar; ter algo pra destruir. Não, me portei correta e estupidamente social. Fiquei calada, olhando, examinava todos e tudo.

A cada momento eu arrumava uma explicação para a felicidade dos outros, eu dizia sempre 'os ignorantes são felizes'. Mas, ao final, quando o banco onde eu me sentava quebrou, o copo sujo em que bebia uma dose de pinga qualquer caiu em meu peito, sujou-me por fora, com a loucura que eu sentia por dentro; e o copo bateu com força contra o chão, os pedaços de vidros por todos os cantos, ao meu redor, refletiram minha existência, refletiram o meu nada: impossível que eu remendasse algum dia... Fizeram com que eu sentisse a minha vida, um amontoado de fracassos que não eram meus. Eu os catava para continuar ignorante... ignorando ser feliz.


Mas, e ai, você consegue ver o brilho da minha vida? Pois agora, nestes cacos de vidro que sugerem a desordem em que vivo, uma forte luz incide... Você consegue me ver? Vê que a minha vida sempre brilha, porque sempre onde nada nunca se vê, enxerga-se o medo. Não tema tanto que seja eu a sua fraqueza, eu sempre brilho. Vejas a minha luz, sinta o meu reflexo.

Sei, que em algum momento, qualquer coisa aleatória que eu disse, ou deixe de falar, serviu a você como motivo pra continuar comigo... Mas não, você enganou-se. Sinto muito, Não foi assim que eu quis, e não é assim que eu quero.

Quantas vezes você gritará em meus ouvidos que eu não farei o que quero? Por que, então, é você quem sempre grita? Quem sempre abre a porta?

"Não é alegria nem dor esta dor com que me alegro."


No meu futuro, talvez, só haja espaço para a solidão, mas que outros se façam presentes, ao menos, até que eu precise/queira estar sozinha.

Nunca há nada no caminho.

Não há guardadores de rebanhos.

terça-feira, 12 de maio de 2009

" Uma festa imodesta..."

Nem sempre a necessidade de, quem sabe, fazer as coisas da melhor forma, significa fazer a coisa certa. Não digo moralmente certa, mas certa para os fins, compreende? É muito fácil se 'apaixonar' pelo cara sarcástico-solitário e inteligentemente intimidador da tevê, quando as suas ações não implicam 'efetividade' moral na vida de ninguém.

Damos-nos de corpo e sonhos aos filmes e livros, às imagens e palavras, não porque somos cobrados a isto, mas porque nos faz bem. Não há cobrança, as coisas, apenas, estão ali: viva ou as deixe viver. Não se sacrifica nada em prol delas, nada há a que se possa, posterior ou anteriormente, cobrar. É apenas uma idealização. Não se cobra de um poema sinceridade, honestidade...amor. Não se cobra de um personagem que ele o ame, que ele o queira. Que abandone tudo para estar, ou com você, ou com a mocinha do romance, ainda que tenha gasto tempo precioso de outro estudo com ele. É o verdadeiro aceitar os riscos do ‘amar sob todas as coisas': o desejo da ingênua ignorância ante a nossa impotência de ser o que queremos.

sábado, 9 de maio de 2009

Sempre haverá...

Você já teve a chance de dar um brado silenciado, veja bem, não é um grito silencioso, mas a sua voz gritada sendo calada de qualquer forma que seja grosseira? Já esteve à beira de qualquer ladeira, e por entre os seus dedos seus sonhos caíram, e rolaram rumo a qualquer lugar que você jamais conseguiria resgatá-los? São dores ou fortalezas (depende de como quer ver o próprio fracasso).
Por falar no fracasso... Amigo de longa caminhada, longa jornada. Nos sentamos juntos por muitas vezes. Muitas vezes ele não percebeu que sua insistente companhia me drogava além do que eu podia suportar, mas fiquei sempre no muro: nem overdose nem desintoxicação. Sofri. Como sofri. Independentemente do nome dele 'Fracasso', dói quando o amigo te abandona, e você não sabe mais onde estão teus pés. Mas, às vezes, aquele querido amigo, ao sair de nossas vidas, nos mostra o quanto era impróprio tal relacionamento, o quanto nos cerceava (desculpem-me a palavra, mas Direito é um fracasso meu) de ter com outras companhias. Mas, inevitavelmente, alguém que te estendeu os braços nunca desaparece da sua vida.
O grande desgosto que tive com esta amizade (e que ainda tenho) é que eu não consigo superá-lo, compreende? Não posso e não quero fingir que estamos sempre querendo supererar todos e qualquer um que nos esteja por perto, dizemos, até, ser uma forma de gratidão, admiração. Mas, me disseram que “nossa relação com as pessoas consiste em discutir com elas e criticá-las”. Então, no mínimo, estamos representando bem nosso maldito e impuro papel: todos iguais. Mas, então, eu me questiono “como nos diferenciar para criticar? Teríamos o tal direito a opinar, a escolher?”. Talvez por isso as nossas escolhas estejam expostas em ‘fast food’. É só escolher o que é da maioria.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

'Por esse chão pra dormir..."

Não sei ainda se quero tantas coisas assim. Talvez eu só queira um castelo e um cavalo. Um lugar onde eu possa desvendar, mesmo que o mesmo mistério, sempre que eu me sentir vazia.
O infinito, desconhecido...alimentam toda a vontade que eu tenho de construir, desconhecer, saber, compreender, esquecer... Não peça licença, imaginação, eu preciso de você.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

E o que nos resta, apenas nos falta.

Quem me dera, no tempo dos vivos, dizer a ti, meu amor, o quanto o amo.
Quisera eu, tantas vezes, sussurrar em teus ouvidos, o que há tanto eu gritara! Embebida na minha inocência, não percebi que o desejo desfilava em minhas falas, fazia caminho com o meu desejo. Estava eu, fantasiando uma fala, uma história.
O conhecimento tentado, inoportuno, extasiante, desbravador, prazeroso marca a angustia do desconhecido irreparável da inocência; caminho de sabedoria sem letras, sem memória, possível e existente do incógnito esquecimento: o batom vermelho mancha o lençol!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

"Dissimulada Austeridade"

Talvez eu devesse ser proba, e me expor. Sei que esperas de mim verdades, sinceridades... Se eu disser o que sinto, o que se passa em minha mente... talvez eu enlouqueça, e nada consigas com isso. Se se faz necessário tanta certeza sobre a continuidade de um risco na água, é melhor fechares teus olhos e te esqueceres de viver. Não me temas, não se aflige: ‘ o desejo nunca pede permissão prá cutucar’; apenas se arrisque por eles, ou desista.


Em meu mais profundo amor, na minha mais inerme emoção apunhalaste-me com tuas carícias e teus olhares à procura de alguém que não fosse eu. Querias ver-me fraquejar, e dissuadir-me do contrato firmado entre eu e minhas vontades. Não sou fraca, nem um pária: apenas em busca do meu melhor estado de mim mesma, da sobrevivência sem ordens para as emoções. O faço, meu amor, um capricho aos meus caprichos.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Ó! Ledo engano

Tanto faz a distância que estamos daquilo que não conquistaremos, afinal, todos já nascemos rendidos; não nos deixam ter com o acaso, já que nos estimulam, apenas, àquilo que nos dê ‘frutos’ a consumir por consumo.

Nos tornamos caçadores de qualquer caça. Tudo o que não podemos tocar, ou tudo o que não nos toca fisicamente... não há que dar valor. Entretanto, vender ‘alma’ e ‘essência’ nada têm de mais. Ora, afinal, se não tocamos, não sentimos arder na pele não existe. A crença –em qualquer que seja o objeto– por fé, simplesmente, é o pior dos defeitos. Então, não se arrisque, aterrorize-se ante as tantas outras existências inermes. Pois quem cedo se acovarda, cedo será aceito no ceio de nosso mais singular paradoxo: sociedade. Não temas, pecado é vender corpo e sexo; se vendes quem tu és... é para que desfrute do que não é necessário, mas fizeram imprescindível na vida: um ruído silencioso; o brado de um mudo.

quinta-feira, 19 de março de 2009

"...me desculpe o mesmo gesto, meu constante gesto insano..."

Sinto que o tempo passa perdido por mim. Sinto-o, apenas, quando, em silêncio, desejo mais tempo.
A cada amanhecer, vejo que ganhei outro tempo, a dúvida que me consome é o que fazer com ele... Desperdiço-o
Cada amanhecer é mais uma chance de fazer o que é preciso, cada amanhecer é saber que mais um dia jogarei fora.
Quando vejo a vida afastar-se do que estou, receio perder o que me é vital; nem a sede, nem a fome, nem o frio... mas o tempo.
Tempo, tempo, tempo, tempo... É sempre o que peço, e o que renego quando deito e não me levanto, pedindo mais tempo.

quarta-feira, 11 de março de 2009

'(...) é ter que demonstrar sua coragem à margem do que possa acontecer. '

É ter os olhos abertos, mas vedado por uma busca ignorante por conhecimento. Nem sempre sinto a Sabedoria tão intrigante. Às vezes é só o escapar de pagar por algum erro, já que nem sempre os acertos no levam ao mérito.
É tentar enxergar mais do que os olhos querem ver. Criar momentaneamente uma explicação infantil para tudo. É tentar viver, por alguns instantes, um quadro surreal.
Eu tentei descrever tudo o que eu vi, quando tentei uma ordem lógica, nada se encaixou. É tudo tão mais interessante, belo e honesto quando eu estou calada, quando eu não preciso explicar o porquê d'eu preferir a noite ao dia. De como me acalmo quando me sinto só e o quanto eu temo ter de prender a vida de alguém a minha.
Lembro-me das longas horas passadas desesperando, e o desejo de ver o sol, como o único fio de acalento após temores de uma noite angustiante. O remédio era dormir, à época algo que beirava o impossível.